abril 25, 2005

Somos Livres (*)



Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.

Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.

Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".

Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.

Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

(*) Ermelinda Duarte

abril 20, 2005

imagens

porque, por vezes, uma imagem vale mais do que uma palavra

desarmas-me

há uma serenidade e um brilho em redor de mim que não reconheço quando olho para as folhas escritas que, em tempos idos, apelidava de vida. e, talvez seja por isso que eu te guarde no lugar onde as palavras não têm nome, nem sabem da definição que os dicionários trazem...

abril 18, 2005

questionário

não escapei ao último grito da moda presente em praticamente em todos os blogs que por aí andam :)
a convite do L., aqui ficam as minhas respostas:


Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro querias ser?

não sei se gostaria de ser um livro. apesar de lidos, relidos, de retalhos de estórias permanecerem junto de nós (porque existem livros inesquecíveis), a ter que escolher preferia ser um poema ou uma folha em branco no fim de um livro.


Já alguma vez ficaste apanhadinho (a) por uma personagem de ficção?

eu sinto-me muito retratada no livro O Perfume da Flor, de Carlos Lopes Pires. aliás, todos os livros dele têm o dom de me tocarem de um modo muito especial. mas ficar apanhada por uma só personagem, julgo que não. sou sim é apanhada por livros, mas é tanto que o que me vale é não morar perto da fnac :).

na minha adolescência os livros que mais me marcaram foram, inevitavelmente, Os Filhos da Droga, de Christiane F. e O Diário de Anne Frank.

mais recentemente, e sabendo que estou a ser injusta para com tantos outros livros, lembro-me de uns três ou quatro livros que gostei muito pela envolvência descrita e pela força transmitida pelas personagens principais:

Favores em Cadeia, de Catheryne Ryan Hyde (que deu origem ao filme. é das utopias mais bonitas em que eu ainda acredito)
A Senhora das Especiarias, de Chitra Banerjee Divakaruni
Memórias de uma Gueixa, de Arthur Golden
Tudo o Que Temos Cá Dentro, de Daniel Sampaio

os livros de Graça Gonçalves, por toda a ternura que ela deixa transparecer nas suas palavras.

e há o Morreste-me, de José Luis Peixoto.


Qual o último livro que compraste?

para quem comprava cinco ou seis livros por semana, ultimamente ando a portar-me muito bem, ou mal, depende da perspectiva. tenho andado em busca de um livro específico, mas está difícil encontrá-lo (sim sim, esse mesmo... ;) ).

o último livro que comprei, para oferecer, foi um conjunto de poemas e de fotografias sobre o 25 de Abril. não me lembro do título. é editado pela Camara Municipal de Odivelas... eeerrrr, agora fiquei baralhada, ou é Odivelas ou é Loures.

para mim, comprei dois: o Código da Vinci, de Dan Brown e o Equador, de Miguel Sousa Tavares.


Qual o último livro que leste?

(a pel... del...)

por motivos profissionais:
Livro Verde para a Sociedade de Informação em Portugal
Protecção e Segurança na Internet
As Grandes Opções do Plano para 2004
Gestão de Projectos Informáticos
não recomendo nenhum deles)

por vontade própria:
a idade não perdoa. não me lembro se foi o Código da Vinci, de Dan Brown ou O Estranho Caso do Cão Morto, de Mark Haddon (é muito bom, recomendo. gosto de livros que contam estórias pela voz de uma criança. dão-nos excelentes lições).


Que livro estás a ler?


alguns blogs...?! a revista Volta ao Mundo deste mês, conta?
quero começar a ler o Equador, mas tenho de ir buscá-lo a minha casa. é que isto de ter acampamento em duas casas tem muito que se lhe diga.


Que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?

só cinco?! pfff, isso não é nada...
livros práticos?! tipo um de culinária exótica?! plantas comestíveis ou algo do género, porque é capaz de ser muito útil.
o meu livro de yoga, que não sei o título. para ocupar o tempo disponível.
O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, porque está há imenso tempo na lista de compras, porque sou uma exaltada por natureza.
talvez o Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago. nunca li. é uma lacuna em mim, mas falta-me a coragem de cada vez que pego num livro dele.
livros de poesia, para abrir ao acaso, ler e reflectir. Nuno Júdice, José Luis Peixoto, Maria do Rosário Pedreira, and so on, and so on...
um livro em branco, para escrever.


A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?


já que praticamente todos os blogs que leio diariamente aderiram a este questionário, passo o testemunho a 3 pessoas que não têm blog. pode ser que seja um meio de aderirem às novas tecnologias. Elsa, Beta e Sandra, é convosco. vá meninas, toca a fazer a vontade ao nosso 1º Ministro!

abril 15, 2005

pure morning (*)



nem sempre se sente quando a Saudade vem,
calma e serena,
como quando se levanta a madrugada.

(*) placebo

abril 14, 2005

início



procuro nas mãos a avalanche do dia preenchido
como se as linhas erguessem o esplendor da Vida.
das palavras que lá leio
não há letra conhecida na estória contada na muda voz de mim.

no entanto,
há o tacto

o tocar que arrepia o movimento célere,

caneta com que escrevo na folha branca
e que branca permanece.

soubesse eu dos mundos que te navegam
e seria eu caravela quinhentista
em busca de uma palavra por inventar.

abril 13, 2005

a minha alma



és a pessoa que mais paciência tem comigo.

na imensidão de um deserto (e agora consigo ver o teu sorriso ao leres esta palavra...) que teimosamente eu quis atravessar, pude sempre contar com uma mão para me agarrar. a tua. nunca me deixaste sozinha. não me questionaste o porquê de cada acto, de cada palavra. muitas foram as vezes em que me ajudaste a explicar muitas das minhas parcas palavras. mesmo nas alturas em que o sol menos te sorria, nunca largaste a minha mão.
lembro ainda as lágrimas, os sorrisos, os abraços, os silêncios que só nós compreendemos. as cumplicidades que tecemos até altas horas, quando ficamos em conversas, de mulheres ou não.

não há na vida muitas pessoas como tu. eu sou muito fogo. e muito água. ao mesmo tempo. tu és a tranquilidade. a objectividade dos tumultos que são os meus sentimentos. és o meu jardim zen. consegues devolver-me à estrada, quando eu já só vejo nevoeiro. no momento certo.

sei que, se sou aquilo que sou hoje, é graças à tua presença na minha vida. muito do que sou devo-o a ti. e é bom gostar de mim assim.

grita em mim um enorme orgulho por te sentir de alma plena, cheia de projectos e muito feliz. espero que o sorriso que ultimamente trazes vestido se mantenha por muitos e longos anos. e que sejas feliz. muito feliz. tu mereces.

e, mesmo que o rumo dos nossos pés siga por caminhos completamente distintos, sei que a minha mão manter-se-á (e)ternamente unida à tua.

[para a Elsa]

eu...



e é num momento em que nada me ocorre para gritar que me lembro de criar um blog. sou mesmo a contradição em pessoa.

não há volta a dar... ou há, ou há.

[e sorrio, pois...]

abril 12, 2005

Trouble (*)




existem palavras que ficam guardadas nos pequenos instantes para os quais foram escritas. outras há que parece regressarem com a mesma violência que foram sentidas, lá no passado.

é inevitável... tal como a vida.



(*) Coldplay

abril 07, 2005

Erase and rewind (*)



raízes, por aqui...

[até o sono foi descansar longe...]



(*) The Cardigans

My immortal (*)



hoje há um ténue fio que me abraça o brilho dos olhos e que ultrapassa todo o meu sentir. hoje sou só uma semente a lutar, na busca da luz do sol...


[deve ser do sono. e tenho que mudar a banda sonora...]



(*) Evanescence

abril 06, 2005

Butterflies...