maio 02, 2005

vanilla sky (*)

[open your eyes]

poderia escrever mil histórias que a minha pele sentiu ao roçar alguns sonhos, quando eram só eles que desenhavam a minha vida. poderia até falar das pedras atiradas aos charcos da chuva que fui, como se de um lago se tratasse, observando a dispersão das ondas. cada vez mais fracas. cada vez menos eu. poderia ainda descrever a forma como os ventos alísios fizeram ninho nas minhas mãos, quando a alma era de pássaro e o corpo peso morto. terra estrangeira dentro e fora de mim. terra árida. terra de ninguém.

poderia.

mas vieste tu. e contigo chegou também a raíz de um bem-me-quer, porque as flores não nos podem querer mal. trespassaste como água os muros que construí nas linhas anteriormente ditadas, em redor de um tempo que teimosamente atravessei. qual travessia do deserto. sozinha. fechada como punhos.
não questiono. aprendi a aceitar tudo o que a vida me trouxe, e traz. essencialmente o menos bom. mas talvez tivesse de ser assim, para poder ver, com os olhos da alma, e no meio da escuridão que me havia cercado, a luz que és. quando menos esperava. tu.

gosto quando me invades a pele, como quem lavra a terra. agora terra fértil. do modo como entras nos meus pensamentos, antes de algum som sair da minha boca. gosto de me descobrir, de não ter receio de abrir fechaduras há tanto tempo escondidas. e gosto do que descubro sobre mim.
gosto de acordar nos teus braços, de te ver adormecer nos meus. gosto da ternura do teu olhar. gosto da pessoa que és. do enorme orgulho e admiração que tenho por ti. de me sentir criança de olhos esbugalhados quando falas do mundo que é o teu.
gosto da tranquilidade que trago ancorada ao meu sorriso. o grito de um novo dia, as mãos abertas e estendidas para ti, e para o futuro que tatuamos a cada instante no tocar dos nossos corpos, almas. tu, eu, nós. e apetece-me dizer

para sempre.

(e hoje sei: eu não renasci. nasci no dia em que nos conhecemos. no dia em que te conheci.)

(*) não, não é pelo T.C.

1 comentário:

Carrie disse...

Das declarações de amor mais bonitas que alguma vez li.