agosto 30, 2005
(de mim)
e esboço com os meus dedos as letras que me (des)fazem,
arranhando nos muros que vou erguendo
os mares que ainda me sabem,
mesmo que ausente.
ainda que ausente.
agosto 29, 2005
(do blog) terra habitada
agosto 24, 2005
constatação de um facto
é euq áj ieuqort so soded rop sairáv sezev. e ós ojev o euq iuqa oãn etsixe: a ahnim amac.
[ieuqif atirep me revercse od osseva. internem-me já!]
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[a vitamina C e o médico ficam em minha casa.]
agosto 21, 2005
porque, por vezes, um abraço vale mais do que qualquer outra acção mais interveniente
fica aqui o meu obrigada a todos aqueles que ontem andaram no combate ao fogo. especialmente ao meu tio Zé, que deixou tudo o que estava a fazer e foi para a frente do incêndio, ainda antes dos bombeiros chegarem. que foram incansáveis.
especialmente para a Beta, Zé Pedro e Marlene, que não me deixaram ficar sozinha em casa, vieram buscar-me e levaram-me para casa deles. bem haja amigos.
[os bombeiros ainda hoje andam a fazer rondas devido a possíveis reacendimentos. os aviões e helicópteros continuam a sobrevoar a imensa zona ardida. o fogo andou a rondar as paredes de algumas casas, arderam alguns quintais, no meio das povoações, devido ao enorme vento. houve também estradas cortadas. o incêndio foi dado como extinto ao final do dia. felizmente, não houve feridos nem casas destruídas. o pior parece já ter passado.]
agosto 20, 2005
pânico
a casa fica perto do mato, que não é limpo pelos proprietários, como já se calcula. todos os anos, os meus pais limpam uns 500m desse mato, o que fica mais perto da casa. porque os donos não querem saber.
a minha mãe disse que o fogo está controlado e a ir em sentido contrário às casas. mas, e se o vento vira de repente? estão quatro carros de bombeiros a proteger as casas. os meus pais têm as mangueiras preparadas. ainda bem que não temos falta de água. um dos meus tios também tem o tractor cheio de água.
acabei de ver a SICNotícias e não falaram desse incêndio. falaram de um outro, na estrada que liga Viseu ao Sátão. que eu conheço muito bem. falaram do incêndio de Castro Daire. um pouco mais longe. Viseu é um dos distritos do país que hoje está em alerta máximo.
a minha mãe pareceu-me tranquila. mas eu começo a pensar na luta diária dos meus pais, em tudo o que conseguiram ao longo da vida. do esforço que fizeram para que nada faltasse aos filhos. e da última conquista que alcançaram há cerca de cinco anos. construir uma casa na terra. o sonho do meu pai.
tu estás no Alentejo. o meu irmão está na Espanha. os meus pais estão no meio do desespero. e eu estou a sentir-me de mãos atadas. e queria estar lá.
de Pedro Paixão
"e se não tivermos o generoso ânimo de dizermos a nós próprios a verdade,
os estranhos no-la dirão com a mais cruel franqueza"
(Alexandre Herculano)
o Pedro Paixão sabe (d)o que escreve. respira-se muita verdade nas entrelinhas. é um pouco depressivo, e demasiado complicado, mas compreendo muito bem as personagens das suas estórias. algumas parecem bem reais, seria somente necessário trocar-lhes os nomes.
comecei a ler o Ladrão de Fogo, ontem de manhã, à ida para o trabalho. hoje acabo-o. de certeza.
cruzei-me com a Noiva Judia há muitos anos atrás. na época, só consegui ler umas parcas páginas. torci o nariz logo na primeira, no parágrafo que dizia:
"deixei para trás a obrigação de mudar o mundo. já cometi corrupções. só ainda sinto dificuldades em mentir, mas também aqui sinto melhoras. trata-se só de deformar ligeiramente o que vai acontecendo, não de inventar tudo de novo."
recordo-me de ter dito que estas palavras eram demasiado cruéis. tinha acabado de ler Brida, de Paulo Coelho. era uma mudança muito radical, e resolvi devolver o livro de Pedro Paixão à pessoa que me tinha falado dele. a mesma que me incentivou a ler os livros de Paulo Coelho.
passou algum tempo até as letras de Pedro Paixão se cruzarem novamente comigo. da minha vida surgiam imensos desertos e Paulo Coelho tinha deixado de fazer aquele sentido, apesar de ter todos os seus livros.
por mais que tente, não consigo lembrar-me de qual foi o primeiro livro que li de Pedro Paixão. sei que não parei mais de o ler desde o dia em que ganhei coragem para pegar nos seus livros. e em períodos de introspecção.
[mas também sabe muito bem viver a plenitude do amor, sem pensar nas probablidades do abismo que ele pode, ou não, trazer. é também isso que tu me demonstras todos os dias, a cada momento que passa, a razão de não ter medo. e amo-te, também por isso.]
agosto 16, 2005
constatação de factos
1. este calor torra-me a paciência. mais do que algumas pessoas no meu trabalho.
2. ser picada por um insecto dá comichão em todo o corpo, excepto no local onde ficaram as marcas das picadas.
3. não gosto de me ver com o cabelo novo, depois de ter passado pelas minhas mãos. a solução será pedir-te que tires um curso de cabeleireiro (está melhor assim? ;) ).
4. meçam sempre os lençóis que compram, antes de os passarem por água. e, quando secarem, tornem a medi-los. alguns chegam a encolher 20 cm. mesmo que custem 59€. o resultado é fácil de prever: discussão na loja, porque a dona, mal educada, teima em não devolver o dinheiro.
5. a minha mãe consegue sempre o que quer. amanhã vamos buscar o dinheiro dos lençóis que eu e ela comprámos.
6. limpar a casa de alto a baixo em dias de muito calor, não é uma decisão acertada. limpar a casa sozinha também não é uma decisão acertada.
7. não me lembro do dia em que me mudei da casa dos meus pais para a minha. nem da primeira vez, nem desta. devo ser a única pessoa a não se lembrar de uma data destas. sou distraída, só pode.
8. gosto muito da minha cunhadinha. damo-nos muito bem. cada vez mais. provavelmente é por sermos do mesmo signo. provavelmente é porque gostamos muito da mesma pessoa: o meu mano.
9. para o ano não vou de férias tão cedo.
10. (at last but not least) tenho saudades tuas, muitas.
agosto 15, 2005
What type of warrior are you?
Paladin -- You are the paladin, a spiritual warrior
of religion. You are the defender of your gods
or goddesses and your whole beliefs. You would
die for them in fact. The ultimate sign of all
that is good and light, you believe in all the
good characteristics of humanity. The
protector, you would save anyone from harm
whether they are peasants or nobleman or
complete strangers. You are a pure and
admirable soul!
What type of warrior are you?
brought to you by Quizilla
[agora tábua de passar a ferro... ai meus deuses...]
agosto 12, 2005
corte radical
por agora gosto. muito até.
[vamos lá ver o que vai acontecer quando for eu a penteá-lo.]
agosto 11, 2005
agosto 10, 2005
a indústria dos incêndios, por um jornalista da SIC
«A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.
Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.
Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:
1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?
Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?
Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair?
Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?
Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?
2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...
3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.
4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.
5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.
Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime...
Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?
Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.
Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime.
Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:
1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.
2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).
3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores
4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.
5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.
6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.
Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo. »
(José Gomes Ferreira)
agosto 09, 2005
agosto 08, 2005
agosto 07, 2005
o que se traz dos regressos, II
o que me vai ficar na memória das férias grandes de 2005 é o imenso cheiro a terra queimada.
[e dói.]