agosto 20, 2005

de Pedro Paixão


"e se não tivermos o generoso ânimo de dizermos a nós próprios a verdade,
os estranhos no-la dirão com a mais cruel franqueza"

(Alexandre Herculano)



o Pedro Paixão sabe (d)o que escreve. respira-se muita verdade nas entrelinhas. é um pouco depressivo, e demasiado complicado, mas compreendo muito bem as personagens das suas estórias. algumas parecem bem reais, seria somente necessário trocar-lhes os nomes.

comecei a ler o Ladrão de Fogo, ontem de manhã, à ida para o trabalho. hoje acabo-o. de certeza.

cruzei-me com a Noiva Judia há muitos anos atrás. na época, só consegui ler umas parcas páginas. torci o nariz logo na primeira, no parágrafo que dizia:

"deixei para trás a obrigação de mudar o mundo. já cometi corrupções. só ainda sinto dificuldades em mentir, mas também aqui sinto melhoras. trata-se só de deformar ligeiramente o que vai acontecendo, não de inventar tudo de novo."

recordo-me de ter dito que estas palavras eram demasiado cruéis. tinha acabado de ler Brida, de Paulo Coelho. era uma mudança muito radical, e resolvi devolver o livro de Pedro Paixão à pessoa que me tinha falado dele. a mesma que me incentivou a ler os livros de Paulo Coelho.

passou algum tempo até as letras de Pedro Paixão se cruzarem novamente comigo. da minha vida surgiam imensos desertos e Paulo Coelho tinha deixado de fazer aquele sentido, apesar de ter todos os seus livros.

por mais que tente, não consigo lembrar-me de qual foi o primeiro livro que li de Pedro Paixão. sei que não parei mais de o ler desde o dia em que ganhei coragem para pegar nos seus livros. e em períodos de introspecção.


[mas também sabe muito bem viver a plenitude do amor, sem pensar nas probablidades do abismo que ele pode, ou não, trazer. é também isso que tu me demonstras todos os dias, a cada momento que passa, a razão de não ter medo. e amo-te, também por isso.]

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