para ti

pedes-me que te escreva em palavras, mas, meu amor, as minhas mãos já só anseiam o teu chegar. porque, quando a vida já não é só feita de palavras, mas sim de actos renovados a cada dia que nasce nos teus olhos, as minhas mãos não necessitam de tocar o papel, nem tão pouco pegar na caneta.
porque, quando a vida, à qual os meus olhos sorriem, me arrepia a pele, sei que já não são as palavras que me bastam.
porque, quando a vida que me ofereces directamente das tuas mãos, como água pura das fontes, me faz acreditar não só em mim, mas em nós, apercebo-me de que as histórias dos livros e dos filmes já não me conseguem encantar.
quando a vida que respira nos meus lábios deixa transparecer para os outros a felicidade de estar hoje aqui a escrever, é porque já não tenho medo de demonstrar o quanto me preenche(s).
porque, quando a vida que circula no cruzamento dos nossos dedos, e os nossos corpos trespassam as barreiras da saudade, é saber que o regresso está sempre para breve.

porque, meu amor, das poucas certezas que tive durante toda a minha vida, uma delas és tu.