das saudades(*)

( (*) título roubado descaradamente à izzolda. por causa deste post.)

hoje fui almoçar com a minha amiga Greentea. o motivo, se é preciso haver motivo para se almoçar com os amigos, era para a Greentea me entregar uma fita de final de curso. uma fita inteira, azulona, para eu escrever (ajudem-me na inspiração, please!).
com o post da izzolda e a fita da Greentea a matutarem-me a cabeça, lembrei-me de ir buscar a minha capa e as fotografias. estive a tocar em cada fita, a reler cada palavra. as fitas dos meus pais, o ter descoberto que o meu pai escrevia versos quando era mais novo (deve ser daí que vem a minha veia), a fita mais original que vi até hoje e só podia ser do meu irmão (sim, tenho uma enorme paixão por ele). a fita da Lita levou-me às lágrimas. o Speedy Gonzalez na fita assinada pela Eli arrancou-me um sorriso cúmplice (eu andava sempre a correr de um lado para o outro. casa. trabalho. universidade.). as fitas dos amigos, dos colegas de curso e dos colegas do trabalho. uma fita que atravessou o Atlântico duas vezes. foi até aos EUA e voltou escrita pelas mãos da Nanda. a fita da minha prima Ana, que na altura tinha uns 9 anos e escreveu o seguinte: "a vida é muito bela. principalmente para ti que tens uma casa em Viseu. Compra uma com muitas assoalhadas para eu lá poder dormir uns dias e também para os teus filhos". ainda agora são as gargalhadas que se soltam ao ler o que a piolha me escreveu. escusado será dizer que hoje ela não gosta de ir passar férias a Viseu (o namorado vive em Lisboa e a paixão dos adolescentes não consegue esperar.). um bonsai ou o gonzo dos marretas na fita do Gonçalo. de não ter conhecido tão bem algumas pessoas, mas como tenho escrito numa das fitas, "fica para uma outra vida" (será Rui?). de descobrir nos sentimentos escritos as idades das assinaturas. os conselhos sábios dos mais velhos, que na altura não valorizamos tanto. os sonhos desejados dos mais novos, com os quais nos identificamos.

são pequenos retalhos de uma parte da minha da vida imortalizados em palavras. como os outros me viam, me liam (e hoje descobri que, daquilo que me fez crescer, não me roubou a inocência de acreditar no melhor que o mundo tem para nos dar. de me saber ainda transparente aos olhos de quem me toca.). palavras escritas que eu amo tanto, apesar de ter tirado um curso relacionado com os números (ainda me questiono porquê, mas enfim...). muitas dores de cabeça com algumas cadeiras, com a falta de tempo. os trabalhos de grupo sempre feitos a correr. as lágrimas de tristeza e as lágrimas de felicidade. a força que a Lita me deu quando entrei na sala, para a oral da última cadeira. a falta de reacção quando o professor me tratou por "doutora Margarida", no final dessa oral. o vazio que senti quando saí da sala. as lágrimas que se queriam soltar quando os meus pais me foram buscar. o silêncio. chegar ao trabalho e ver o orgulho do meu chefe quando lhe disse que tinha acabado o curso. lembro-me que almocei um croissant, por volta das 16h. e não consegui comer mais nada.

querida, aproveita cada momento. cada instante preservado na tua memória. cada sorriso correspondido. os abraços. as lágrimas. e continua a crescer do modo que és. íntegra. amiga. solidária. compreensiva. capaz de chamar à razão aquilo que às vezes o coração turva. espero que alcances cada patamar com a preserverança que deixas transparecer nas palavras sábias que se soltam da tua boca. e és ainda uma menina (mas já tão crescida). não deixes de sonhar (apesar de tudo). de acreditar (em ti).

e obrigada a ti, izzolda e a ti, Greentea. por me terem feito recuar nos intervalos das minhas recordações e ter ido buscar um dos períodos mais bonitos que vivi até hoje. que guardo com carinho nas amizades que ainda hoje permanecem e São. assim, em e de letra grande (mesmo naquelas que se perderam durante alguns anos, mas que reencontrei. e nas amizades de sempre e que sei para sempre.).