novembro 23, 2005

"...they see me so large that they think I'm immune to the pain" (*)

hoje,
beirei-me das letras e não lhes (re)conheci o rosto que tantas vezes
percorro com as pontas dos dedos,
e, com elas, nasceram linhas jamais traçadas de um imaginário que não sei
situar no mapa (des)ordenado dos eternos sentires...
foi um puzzle (in)acabado o que me surgiu na berma dos lábios,
que é onde as palavras se encostam no medo dos dizeres
para depois se perderem nos silêncios dos trigais,
carregando as planícies entre aquilo que fui e aquilo que anseio ser...
morri-me lá.
mas aqui, teimo no (re)erguer das asas,
levantando a face à luz que tristemente se faz ténue,
e canto as vozes uníssonas com um
"tem de haver algo mais".
foi nas vésperas do início da guerra no iraque que escrevi estas linhas. no dia19.03.2003. lembro-me de nessa noite ter acendido uma vela branca, em nome da paz. para emanar luz.
hoje penso em todas as velas que já acendi em nome de propósitos que me pareceram importantes, em nome de alguém, ou até por me terem pedido. pergunto-me se algum dia alguém terá acendido uma vela por mim (tirando tu alminha).
às vezes gostaria de não ser assim e de ser outra. de me queixar. de pedir protecção. de virar as costas a tudo, quando não me sinto bem. quando me sinto a mais. de ser egoísta. de ver qual seria a reacção dos outros. será que gostariam de sentir na pele aquilo que fazem? será que chegavam a sentir, de tão absorvidos que estão pela sua própria pele?
tenho cada vez mais certezas que não pertenço a este mundo. e tenho cada vez mais certezas que não há algo mais.
(*) garbage, in drive you home

1 comentário:

Lita disse...

Se as pessoas que causam a dor a outrém sequer imaginassem que podem vir a sofrer na sua própria pele o mal que causaram, de certeza que pensariam duas vezes antes de agir...mas tb acredito que outras não!